sábado, 24 de julho de 2010

Fotos 4 Dança Contemporanêa

Fotos 3 Ténis

Fotos 2 Ténis

Fotos 1 Ténis

METODOLOGIA «FLUID TENNIS»

Não ensinamos nada a ninguém, só podemos ajudar a descobrirem-se neles próprios.
GALILEU


Este método é baseado nas técnicas da Dança Contemporânea, que quando aplicadas ao ténis, ou a outra modalidade desportiva, permite que o trabalho técnico, e as possibilidades de aprendizagem, sejam potenciadas. Com este método obtêm-se resultados mais rápidos e uma melhor aproximação ao próprio jogo.
É também uma abordagem globalista do corpo humano.
1 - Todo o corpo humano se prepara antes de executar cada movimento, e o movimento serve para integrar os seus diferentes elementos – C.S. Sherrington.
2 – Qualquer modificação num segmento do corpo pode bastar para que o todo se ressinta, em grau variado, dessa alteração.
Este método é também baseado numa aprendizagem técnica e estratégica, que respeita desde o primeiro momento as características de variabilidade e imprevisibilidade do jogo de Ténis, em todas as suas acções.


INTRODUÇÃO
Baseado na qualidade e fluidez do movimento, o método desenvolve uma relação entre as especificidades do Ténis e as características físicas de cada um.
As estratégias que se propõem têm como objectivo procurar que as cadeias do movimento de cada um fluam naturalmente, de forma simples, ritmada, económica, eficaz, e que previna lesões futuras.
É baseada também numa forma de comunicação que leva o aluno, em conjunto com o treinador, a encontrar o seu caminho, o seu movimento, o seu equilíbrio, a sua eficácia, em suma, a sua individualidade.
Os conceitos aplicados e transmitidos são universais e internos, isto é, são intrínsecos a cada um, facilitando a sua aprendizagem.
A relação entre as capacidades de cada um, e o desafio proposto, é fundamental.
A adaptação do material (raquetes, bolas, campo) tem um papel fundamental durante as várias fases de aprendizagem.


RELAÇÃO FUNDAMENTAL
Esta metodologia está alicerçada numa relação fundamental, e sob a qual todos os princípios da metodologia gravitam, inter-relacionam, e complementam entre si.
 

O corpo/mente, e o movimento, são dois factores fundamentais a trabalhar na Dança Contemporânea. Um movimento de qualidade e com fluidez, e um corpo equilibrado, disponível, e saudável, são os objectivos quando se dança, ou pratica ténis.
Se associarmos estes dois objectivos, às regras, características e princípios do jogo, chegamos à relação fundamental.
A consciencialização do corpo, movimento, e jogo, é o elemento aglutinador da relação fundamental.
Quer da parte do treinador quando ensina, quer do aluno quando aprende e pratica, os três factores desta relação são sempre indissociáveis.
Isto é válido em todas as etapas de aprendizagem, da criança ao adulto, e em cada momento de um treino.

QUALIDADE DE MOVIMENTO
A principal diferença entre esta metodologia e todas as outras está na qualidade de movimento.
A qualidade de movimento depende da atitude perante o movimento, perante o corpo no espaço, e perante o jogo.
Há três aspectos importantes na qualidade de movimento que gostava de realçar:
Primeiro – A essência do movimento reside nas transições e não nas posições (Isadora Duncan in Cohen, 1986).
Segundo – A qualidade de movimento é “tudo”.
Terceiro – A expressão de individualidade é fundamental.


PRINCÍPIOS DO MOVIMENTO
Os princípios do movimento estão inter-relacionados, e funcionam simultaneamente.


1 – Centro
O movimento humano começa na pélvis e coluna, e não nas extremidades – Verdade da Kinesiologia.
Esta verdade é um dos grandes pilares desta metodologia.
O movimento é controlado a partir do centro, e um centro forte permite a libertação do movimento nas extremidades.
As pernas, braços, cabeça, e pescoço são usadas como extensões do corpo no espaço.
Iniciarmos qualquer movimento técnico a partir do centro, ao invés das extremidades, é uma mudança brutal na qualidade de movimento, seja ele a reacção á bola do adversário, aproximação ao local do contacto, no controle do movimento especifico, ou recuperação para a acção seguinte,


2 – Postura
A postura tem influência no controle do centro, e é a chave para o equilíbrio.
Uma má postura provoca alinhamentos incorrectos, que por sua vez provoca tensões na coluna vertebral, e dificulta um movimento de qualidade.
A posição da cabeça e a inibição são dois factores fundamentais para uma boa postura.
Um bom alinhamento coloca todas as articulações numa posição correcta, possibilitando a mobilidade e funcionalidade ideais (livre de tensões).


3 – Gravidade
Gravidade é uma força natural que influencia o movimento.
O swing é o aproveitamento desta força na sua máxima expressão.
É a gravidade vs swing que possibilita que uma criança, que naturalmente tem pouca massa muscular, possa ter movimentos muito eficazes, e boa velocidade de execução.


4 – Respiração
A coordenação da respiração com o movimento é fundamental para que os fluxos de energia possam fluir do centro para as extremidades.
Esta coordenação traz-nos oxigénio, energia, fluência, ritmo e harmonia.
Fundamentalmente a expiração que liberta as cadeias do movimento, qualquer que seja a acção a executar: deslocamento, salto, lançamento ou contacto.
O trabalho de flexibilização da cadeia estática inspiratória torna-se então prioritário, para que o acto inspiratório e expiratório possa ser mais eficiente, e possa contribuir para uma maior qualidade de movimento, nomeadamente maior velocidade nas extremidades.


5 – Tensão e relaxamento
A tensão é um dos factores mais limitativos do rendimento desportivo, e mesmo da qualidade de vida.
O eliminar tensões desde o primeiro momento é uma das estratégias base, senão a mais importante desta metodologia.
Encontrar um estado de «relaxamento activo» é fundamental.
A respiração, postura, e a consciência dessas tensões, são as formas de trabalho mais utilizadas para eliminar tensões desnecessárias.
Gerir os níveis de tensão em cada momento é a chave para a fluidez do movimento, e do encadeamento dos mesmos.
Ter a capacidade de passar de um nível de tensão muito baixo (preparação), para um estado de tensão muito elevado (momento de contacto), e voltar á primeira forma (fase do soltar/finalização do movimento), num espaço de tempo muito reduzido, é que diferencia o jogador top dos outros.
Atenção que a posição de atenção vs pega da raquete é muitas vezes um factor de tensão inicial que poderá condicionar brutalmente todas as acções/movimentos seguintes.
A estabilidade da visão em movimento, e a consequente capacidade de manter o foco na bola (zoom), e a visão secundária no espaço envolvente (scan), é uma consequência deste estado de relaxamento activo.


6 – Forças opostas
As forças opostas, ou equilibradoras, são as forças que estabilizam o corpo em movimento.
Podem ser criadas pelo braço esquerdo, braço direito, perna esquerda, perna direita, e cabeça.
É importante que no momento do contacto haja equilíbrio de forças entre, o trem superior e trem inferior, e o lado direito e lado esquerdo (como os pratos da balança). A criação de um momento de equilíbrio e suspensão, potencia a energia aplicada no momento do contacto, e a velocidade de execução.
O timing ideal será então o momento de contacto raquete/bola, em que as forças directas, e opostas, estarão em equilíbrio.
Como não há duas pessoas com morfologia igual, também a forma de o corpo encontrar estratégias de equilíbrio de forças é diferente para cada um, e consequentemente o timing.
As forças opostas, a partir do centro, criam a sensação de alongamento e streching no movimento.
As posições abertas no momento do contacto tornam-se então uma característica desta metodologia.


7 - Espirais
Uma espiral é a rotação do corpo em torno do seu eixo, e pode ser usada para equilibrar, controlar, e rodar o corpo.
Todo o nosso sistema músculo-articular está preparado para os movimentos em espiral, desde uma pequena rotação na articulação do pulso, a uma cadeia complexa em que todas as articulações do corpo são solicitadas.
As forças opostas quando exercidas em expirais de sentido contrario, proporcionam estabilidade e controle do movimento. 
Este facto é fundamental na fase do rendimento em função das energias envolvidas nas acções, e pelos desequilíbrios provocados por essas mesmas acções.


8 - Objectivos fora do corpo
O movimento é de dentro para fora. Do centro para as extremidades. Do ponto de contacto para o objectivo (dentro da área de jogo do adversário).
Estas imagens, quando transmitidas ao aluno, proporcionam uma qualidade de movimento, uma onda de energia na cadeia de movimento, que resulta num movimento mais fluido e natural.


METODOLOGIA DE TREINO
O grande segredo para a exequibilidade desta nova abordagem reside no controle das tensões.
Do primeiro ao ultimo momento, a capacidade de eliminar e gerir as tensões, é uma prioridade no treino, na procura de um movimento com qualidade e fluidez, que nos possibilite resolver as situações que se nos deparam no jogo, e uma adaptação às técnicas especificas da modalidade.
Para que a aplicação desta metodologia num processo de ensino/aprendizagem seja possível é necessário respeitar duas fases. A primeira designada «Geral» e a segunda designada «Específica».


FASE GERAL
Pode-se considerar esta fase como comum a qualquer sistema de ensino/aprendizagem de modalidades desportivas.
Esta fase tem duas etapas: Relax e Qualidade
Na primeira disponibilizamos o corpo para a prática desportiva.
Na segunda desenvolvemos a capacidade do corpo se movimentar com qualidade através dos princípios do movimento.


Etapa Relax

· Postura
· Respiração
· Liberdade de movimentos e relaxamento activo


O objectivo nesta primeira fase é por o aluno descontraído e disponível para a prática desportiva. Tirar tensões é a estratégia mais importante.
Os primeiros exercícios serão sem bola e pretende-se a descontracção das cadeias do movimento, para isso introduz-se os conceitos de relaxamento, gravidade, e swing .
Trabalhar uma posição de alerta em que o corpo está disponível e descontraído é fundamental.
Apartir daqui o aluno pode começar a ter as primeiras experiências com a raquete e bola, tendo o cuidado de usar material adequado, nomeadamente bolas leves e de ressalto baixo.
Estas primeiras experiências devem ser já de uma posição de atenção, e em que são lançadas bolas para ambos os lados. A razão, é o facto de querermos aproximar a aprendizagem ao máximo da situação de jogo desde o primeiro contacto com a modalidade, alem de desenvolver o estado de alerta, e a qualidade de movimento.
As experiências neste aspecto revelaram-se bastante eficazes e divertidas. Provaram que um corpo descontraído e disponível, aumentam os níveis de adaptação a novos movimentos e ao jogo.


Etapa Qualidade:


· Princípios do movimento
· Aprendizagem diferenciada


Na fase da qualidade começamos a introduzir os princípios do movimento em função das características da modalidade e dos seus movimentos técnicos específicos.
Numa primeira fase a noção de postura, gravidade, swing, centro e extremidades, objectivos fora do corpo e espiral, vão ajudar cada um a desenvolver o seu movimento em função das suas características físicas.
Numa segunda fase introduz-se o conceito de forças opostas.
A noção de controle e objectividade do movimento em função das regras do jogo também são aplicadas. Ter um movimento de grande qualidade que vai sistematicamente para a rede ou fora dos limites do campo não é aceitável.
De qualquer forma os alunos já conseguirão atingir níveis de controle do movimento e jogo bastante razoáveis.
Os exercícios técnicos vs qualidade de movimento propostos deverão ser bastante variados, exigindo da parte do aluno uma adaptação do movimento á acção, e disponibilidade física e mental.
Nesta etapa podem começar a explorar-se as diferentes zonas do campo, situações de jogo, trajectórias de bola, e movimentos técnicos básicos da modalidade mesmo que os movimentos tenham ainda um cunho pessoal.
Nesta etapa há a introdução de exercícios específicos de qualidade de movimento para desenvolver a consciência do corpo e movimento (sem e com bola).
Não esquecer que mesmo nesta fase, os conceitos da primeira fase (Relax), continuam a estar permanentemente a ser referenciados e trabalhados.


CONCLUSÂO


Nesta fase o aluno de uma forma pessoal já consegue tirar prazer do jogo de ténis.
Estarão criadas condições para entrar na etapa especifica com fortes probabilidades de sucesso, porque:
1 - Tem disponibilidade física
2 - Tem qualidade de movimento
3 - Abordou os movimentos técnicos básicos do ténis.
4 - Teve sucesso
5 -Teve um ensino e aprendizagem pessoal, descontraído e divertido.


Nesta fase geral o aluno começa já a dar indícios claros da forma de jogar futura, o que também facilita a definição de estratégias por parte do treinador para tirar o máximo rendimento do jogador na fase Especifica.


FASE ESPECIFICA
No seguimento da etapa geral, nesta etapa já se procura um aperfeiçoamento de todas as áreas do jogo: técnica, táctica, mental e físico.
Esta fase tem três etapas: Técnica, Jogo, e Rendimento.


Etapa técnica

Aplicação dos princípios do movimento é mais específica e pormenorizada em função do rendimento, como por exemplo as forças opostas em espiral.
Os diferentes movimentos técnicos específicos são abordados e trabalhados, beneficiando da mobilidade e disponibilidade do corpo, alem da qualidade de movimento, adquirida na fase geral.
Vários pontos de controle da técnica, como sejam: pegas, plano de contacto, ritmo do movimento, base de estabilidade, trajectórias e efeitos da bola, entre outros, são trabalhados nesta etapa.
A aprendizagem diferenciada, e a integração dos diferentes movimentos técnicos, são abordagens essenciais nesta fase.
A aprendizagem diferenciada é uma forma de aprender os movimentos técnicos específicos em que se experienciam variadíssimas maneiras de executar os mesmos (Wolfgang Scholhorn).
Os exercícios propostos deverão respeitar os factores de variabilidade e imprevisibilidade do jogo, mantendo a qualidade de movimento como a essência da aprendizagem.
Nesta etapa a automatização v/s interiorização
e a correcção, dos movimentos técnicos específicos, cria por vezes a necessidade de repetição sistemática de determinado movimento. Contudo quanto mais cedo o exercício for aberto mais se aproximará das características abertas do jogo.


Etapa Jogo


O objectivo passa a ser aumentar a competência na prática do próprio jogo.
A componente competitiva, estratégica, e mental passam a ter um peso bastante acentuado.
Há 4 situações típicas do jogo em função das quais há vários exercícios estratégicos que podemos desenvolver e criar.
As 4 situações são:
1 - Serviço/contra resposta,
2 - Resposta/4ª bola,
3 - Fundo do campo/direita/esquerda
4 - Aproximação/volei/smash.


O trabalho de regularidade, consistência, profundidade, e colocação, na troca de bolas é fundamental.
Encontrar os diferentes ritmos na troca de bolas, formas de criar desequilíbrios no oponente, e estruturar a sua forma de jogar com vista ao rendimento, são alguns dos pontos a desenvolver nesta etapa.
Os exercícios competitivos em que há disputa do ponto, passa a ter um peso importante nesta etapa.
Na área mental, os princípios do método «Mindset» de Jackie Reardon, em que a “action thinking” é a forma de estar mais adequada, são o suporte do Fluid Tennis, e mais fortemente trabalhados nesta etapa.


Etapa Rendimento


Nesta fase o trabalho é muito específico procurando tirar o máximo rendimento de cada atleta. A especialização é levada aos limites.
O treinador é mais um gestor de competências.
Esta fase não é objecto de desenvolvimento neste documento, mas todos os princípios abordados até aqui continuam a ter que ser trabalhados, e vão com certeza contribuir para um rendimento superior.


RESULTADOS PRÀTICOS


• Aprendizagem pessoal e descontraída;
• Maior inter-participação no treino;
• Potencia a disponibilidade e capacidade de reagir perante as situações reais das modalidades;
• Aprendizagem Técnica mais rápida;
• Transição natural entre treino e competição;
• Aumenta o vocabulário específico da modalidade e do movimento;
• Aumenta a lealdade do aluno perante o treino, o treinador, a modalidade, e a pratica desportiva;
• Reforça a auto-confiança e auto-estima;
• Desenvolve um trabalho base que permite mudanças físicas que criam atletas mais fortes.